quinta-feira, 11 de junho de 2009

A significância do sofrimento animal

Animais não-humanos podem sofrer. Para alguém negar isso, é preciso refutar não apenas o senso comum dos proprietários de cães, mas o corpo crescente de evidências empíricas, tanto fisiológicas quanto comportamentais (Dawkins 1980; Rollin 1989). Minha investigação [aqui] supõe como certa a existência do sofrimento animal. A questão é: O sofrimento de animais não-humanos tem importância? Caso tenha, quanto importa? Quando se trata de escolher entre o bem-estar humano e o sofrimento de animais não-humanos, como deveríamos decidir?

Todos os humanos são iguais em estatura moral.
Todos os humanos são de estatura moral superior a dos animais não-humanos.
Com base nesses princípios, geralmente se defende que deveríamos priorizar o bem-estar humano em relação ao sofrimento de animais não-humanos; essa posição se reflete em nosso tratamento dos animais em muitas áreas, incluindo as da produção, caça, experimentação e entretenimento. Vou defender o contrário: que a combinação dos dois princípios não pode ser sustentada por nenhuma abordagem ética não-religiosa convincente. Como resultado, não há justificação ética racional para se priorizar o sofrimento humano e não o de animais não-humanos.

Antes de defender esta posição, uma palavra sobre éticas religiosas. Não é por acaso, é claro, que o princípio da igualdade humana e o princípio da inferioridade animal são sustentados amplamente na sociedade ocidental. Eles refletem a visão judaico-cristã da relação humanos-animais. O Gênesis nos diz que Deus deu aos seres humanos o domínio sobre as bestas. Isso tem sido geralmente interpretado no sentido de que nós, seres humanos, temos autorização divina para dar sempre prioridade aos interesses humanos. Um exemplo claro pode ser visto na obra de William Paley, teólogo moral progressista do final do século XVIII. Ele escreveu que o ato de matar animais para comer lhes causa dor e morte para nosso prazer e conveniência; além disso, comer carne era desnecessário, dado que podemos viver de frutas e vegetais, conforme o fazem os indianos. Somos, então, 'advertidos para a permissão registrada nas escrituras...' (Paley 1785). É verdade que certos cristãos têm argumentado em favor de uma interpretação diferente da tradição cristã, uma interpretação muito mais favorável aos animais não-humanos (Attfield 1983; Linzey 1987). Mas, coloco de lado tais questões teológicas, em parte porque não há fundamentação racional para as premissas nas quais se baseiam, e também porque quando estamos considerando políticas públicas numa sociedade pluralista, não devemos adotar uma concepção religiosa particular como base de nossas leis.

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Fonte: Pensata Animal

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