sexta-feira, 1 de maio de 2009

A igualdade animal

É difícil argumentarmos uma evidência, pois tudo que podemos dizer antecipadamente é supérfluo. Se uma frase tautológica é incapaz de convencer por si própria uma pessoa sensata, então que argumento, que outro desenvolvimento poderiam convencê-la? Temos dificuldades em argumentarmos sobre a posição da igualdade animal não por causa de sua complexidade, mas ao contrário, porque a sentimos como sendo de ordem tautológica.

A tese anti-especista é esta: os interesses iguais são iguais. A igualdade que ela defende, é a afirmação que, se dois seres são portadores de interesses da mesma grandeza, da mesma importância, então os tais interesses são igualmente importantes, de mesma grandeza; independentemente de qualquer outra característica possuída por esses seres, da cor de sua pele ou da sua inteligência. Podem discutir o significado da palavra interesse; para mim este significado abrange o interesse que todo ser sensível tem de não sofrer, ter alegria, felicidade e, por causa disso, continuar vivendo. Podem contestar, talvez, a identidade que eu sugiro existir entre o tamanho e a importância de um interesse. A importância de um interesse, é a força deste. Essa importância depende da intensidade e da duração do sofrimento que deve ser evitado, ou o do prazer que deve ser provocado; ela não depende diretamente da inteligência do ser em questão, nem do número dos seus cromossomos. E um interesse que tem importância é, exceto em caso de paralisia, um interesse que impulsiona a agir. O tamanho de um interesse corresponde assim à importância que lhe é dada quando uma decisão vai ser tomada. Se em nossos atos levarmos em conta os interesses alheios, isso não é feito em função de nossos interesses – senão, seriam ainda nossos interesses que nós estaríamos levando em conta. Se declaramos ser justo o fato de levarmos em conta um interesse que não seja o nosso, isso apenas pode ser feito por se tratar de um interesse e não em função da relação que temos com o interlocutor cujo interesse está em jogo. É isto que torna injusto o racismo e o sexismo. Um ato não pode ser considerado justo ou injusto levando-se em conta o fato do autor do ato e daquele que o sofre pertencerem ou não ao mesmo grupo. Não é o fato de ser branco, ou de eu falar sobre um Branco, que pode de repente tornar verdadeira a proposição: «É justo rebaixarmos os Negros à escravidão». E é da mesma maneira injusto o especismo. Não é o fato de sermos humano, nem de termos como interlocutores no senso próprio os humanos, que pode tornar justa a escravidão dos não-humanos.

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Fonte: GAE Poa

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