segunda-feira, 20 de abril de 2009

Associação sem apoios acolhe mais de 200 cães

PAULA ROCHA

O município de Albergaria-a-Velha não possui canil municipal. Para evitar o abandono dos animais, uma associação acolhe mais de 200 cães. Os apoios são escassos e as dívidas ao veterinário e às lojas de alimentação começam a aumentar.

Há dez anos que é assim. Quase diariamente, a Associação dos Amigos dos Animais Abandonados de Albergaria-a-Velha acolhe mais um cão sem dono. Neste momento, são já mais de 200 os animais que vivem nas instalações da associação, que, actualmente, se estendem, em S. Marcos, por cerca de cinco mil metros quadrados.

"Aqui não têm luxo, mas pelo menos são bem tratados e alimentados. Gostávamos de ter dinheiro para comprar novas casotas, mas não conseguimos, porque tudo o que está aqui foi pago com o nosso bolso", conta Armanda Ribeiro, uma das três pessoas que se dedica "de corpo e alma" a esta causa.

"Não temos apoios de lado nenhum. As quotas que os sócios pagam não chegam para tudo. Temos muitas dívidas. Devemos nas lojas onde compramos as rações, no veterinário, para não falar das despesas de combustível e comunicações. Temos despesas mensais que ascendem aos dois mil euros", acrescenta Armanda Ribeiro, enquanto veste o fato-macaco que utiliza quando vai alimentar os animais.

Na semana em que o JN visitou o espaço da Associação dos Amigos dos Animais Abandonados de Albergaria-a-Velha, tinham sido realizadas cinco cirurgias a animais que foram recolhidos e que ou tinham pernas partidas ou os maxilares.

Nenhum dos animais que é recolhido pela associação é abatido, ao contrário do que acontece nos canis. "A solução que encontrámos foi recorrer à adopção e famílias de acolhimento. Mas a realidade mostra-nos que damos um cão para adopção e no mesmo dia recolhemos mais dez. Outras vezes, as famílias que os levam acabam por devolver por uma ou outra razão", diz Madalena Soares, acrescentando que pedem às pessoas para os devolverem se acharem que não fizeram a opção certa.

Os cães recolhidos são encontrados, na maioria dos casos, na rua.

"Também temos muitos que são simplesmente largados aqui. As pessoas sabem que existimos, vêm cá e atiram os animais cá para dentro. É por isso que gostávamos de ter dinheiro para tirar esta vedação e fazer um muro", refere Armanda Ribeiro.

O cinco mil metros por onde os animais correm livremente foi cedido por Serafim Santos. Um homem com "quase 80 anos" que todos os dias dedica muito do seu tempo aos animais. E o carinho que lhes dá é comprovado com a "festa" que lhe fazem assim que vai para junto dos cães.

"Eu já ofereci o terreno, agora era bom que nos dessem apoio para construir umas casotas para eles. É bom eles andarem por aqui a correr, mas também era importante conseguirmos dar-lhes mais condições", afirma.

"Para além de dinheiro para pagar às clínicas, neste momento a associação precisa muito de casotas para colocar os cães para evitarmos que se possam vir a magoar, ração, cobertores e até material de construção para se conseguir fazer o muro", enumera, em jeito de pedido, Serafim Santos, que lamenta o atraso da Câmara no pagamento do subsídio.


Fonte: http://jn.sapo.pt/paginainicial/pais/concelho.aspx?Distrito=Aveiro&Concelho=Albergaria-a-Velha&Option=Interior&content_id=1207188

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