segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Ministro do STE, conta como é ser vegetariano

CARLOS BRITTO FEZ AS MUDANÇAS QUE AUMENTARAM A TRASPARÊNCIA DAS ELEIÇÕES

Estalo e insight são termos pouco usados para definir uma intensa experiência espiritual. Pois é com essas palavras que o ministro Carlos Ayres Britto, do Supremo Tribunal Federal (STF), descreve como virou vegetariano, da noite para o dia, aos 15 anos de idade. A “energia do cosmos, força maior que nos circula”, ensinou numa manhã de 1958 para o adolescente em Propriá, interior de Sergipe: não é necessário abater um animal, sacrificá-lo, para que seu alimento seja feito todos os dias. A força maior o mudou de tal forma que trocar picanha – que ele amava – por alface não causou indigestão. “Mudar um hábito sem mudar uma pessoa é algo penoso, um sacrifício”, diz Ayres Britto. “Mas para a pessoa transformada é fácil: tudo se encaixa”.

O senhor sente falta de carne? “Não. Quando você experimenta a democracia, faz uma viagem sem volta, não é?”, diz Ayres Britto. “Quando você experimenta o vegetarianismo é a mesma coisa”. Carlinhos, como é chamado por alguns colegas de toga, está longe de ser um ministro com respostas treinadas no ambiente carnívoro da Praça dos Três Poderes, em Brasília. Capaz de juntar as palavras democracia e vegetarianismo num raciocínio, dificilmente não é chamado de excêntrico ou engraçado. Às vezes, até de doido. “Ele é o ministro mais progressista da história do STF. Culto, alegre e totalmente da paz”, afirma o colega Joaquim Barbosa, seu companheiro freqüentador do Clube do Choro, ponto musical de Brasília.

Aos 65 anos, autor de 11 livros (seis de poesia), Carlos Augusto Ayres de Freitas Britto é o ministro do STF que exerce no momento a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). De acordo com o diretor-executivo da ONG Transparência Brasil, Claudio Weber Abramo, Ayres Britto é o responsável por mudanças que aumentaram a transparência das eleições. Um exemplo é a norma sobre as declarações de bens. Até este ano, candidatos de vários Estados enviavam listas com seu patrimônio incompletas, sem os valores dos bens, e não eram punidos por isso. Era uma espécie de regalia concedida por alguns Tribunais Regionais Eleitorais, como o do Piauí e o da Paraíba. Antes das eleições, Ayres Britto estabeleceu uma norma que unificou a legislação. Todos os candidatos foram obrigados a declarar o valor de cada imóvel, carro ou terreno comprado ao longo dos anos. “Parece simples, mas foi um grande avanço para as eleições. É uma característica do ministro”, diz Abramo. Na semana passada, ao fazer um balanço das eleições municipais, Ayres Britto defendeu a liberação do uso da internet nas próximas campanhas, até mesmo para doações. Na última eleição, os candidatos foram proibidos de usar a rede.

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Fonte: Plenário

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