domingo, 2 de agosto de 2009

Coelhos sem documentos

As pessoas dizem que não se deve interferir no curso natural das coisas. Mas quando os interesses humanos estão em jogo, e são suficientemente importantes, eles/elas não hesitam e agem. Tanto os ecologistas quanto os "amigos (as)" dos animais, como os outros.

Os coalas "proliferam" na Austrália do Sul, e entram em competição com os produtores de "gomme de manne". O governo visou então, em 1996, massacrar 2.000 dos 5.000 coalas que viviam na região. Os coalas têm a sorte de causarem uma meiga impressão no imaginário dos humanos. Numerosas associações protestaram. De um lado, os coalas "excedentes" foram encaminhados a outras regiões onde foram plantados eucaliptos para alimentá-los, "enquanto foi elaborado um programa de esterilização de coalas que ficaram no local, para controlar o número de nascimentos" (fonte: Orizzonti). São finalmente os ecologistas, eles mesmos que mostrarão como, se valer a pena, poderemos intervir nos famosos desejáveis equilíbrios naturais, em se preocupando com os interesses dos indivíduos animais.

Mas, como estamos na Austrália, e falamos da intervenção no "equilíbrio natural", falemos dos coelhos. Sabemos (30 milions d'Amis, n° 101, julho de 1995) que o Centro de Pesquisa para o Controle de Vertebrados Nocivos (que de fato é uma empresa particular australiana) , lançou um programa de pesquisa sobre a "imuno-contracepção", pela qual um vírus contagioso, mas tornado inofensivo, se faz o vetor de um meio contraceptivo. Não é pela preocupação desinteressada no bem dos coelhos (ou das raposas...) que tais pesquisas são efetuadas, mas porque os "métodos convencionais de controle" são ineficazes; sejam eles, o fuzil, o veneno, a armadilha, as epidemias (a mixomatose, por exemplo, perdeu sua virulência com o passar dos anos, e a população de coelhos recuperou seu valor inicial)... "Tal método de controle de populações será aplicado a certas espécies ditas selvagens, a fim de amenizar os problemas locais ou, no caso onde as dificuldades intervirão no quadro da vacinação contra a raiva, por exemplo", diz Marc Artois do Centro nacional de estudos veterinários e alimentares(!) de Nancy. Claro, tais métodos são também potencialmente perigosos, e é necessário ficar particularmente atento se utilizados. Mas eles apresentam perspectivas interessantes.

Infelizmente, para "controlar" a população australiana de coelhos, há um outro método particularmente horrível, que finalmente foi escolhido: um outro programa de pesquisa foi destinado a testar o calicivirus VHD como arma biológica, para substituir o esfumaçamento de áreas e o tiro à carabina (os coelhos utilizam em seu próprio proveito as colheitas dos humanos, se destacam com relação à fauna indígena...). De fato, o laboratório deixou escapar o vírus (voluntariamente ou não). Sobre uma boa quarta parte do continente, 95% da população foi exterminada. Já, nos anos 50, um humano tinha espalhado a mixomatose (cujo vírus provoca uma morte lenta e particularmente dolorosa), com resultados mortais similares. Aqui a doença leva dois dias para matar cada individuo e ela é incrivelmente contagiosa. No ano passado, a população australiana total foi de 300 milhões de indivíduos. Deixo você calcular o alcance e o horror do massacre...

Lembrando que os coelhos são mal vistos na Austrália, também porque eles não são "naturais", "indígenas", "autóctones"; a espécie foi introduzida pelos humanos em 1859, e o número de indivíduos cresceu muito rápido, fazendo concorrência com os animais "nativos", que são considerados "naturalmente legítimos". Os coelhos não fazem uma boa impressão no imaginário naturalista, nacionalista e especista dos australianos (as).

Leia Mais...

Fonte: Pensata Animal

0 comentários: