sábado, 27 de junho de 2009

POR QUE INCOMODO TANTO?

O especismo é o componente mais cruel do currículo oculto dos lares e escolas.

A cada semana, mês, bimestre a repressão de pais e professores a qualquer ideia ou pessoa que apresente uma opção de vida fora do padrão moral tradicional é intensificada.

Dizem que se uma pessoa (aluno) come ou não carnes a opção é dela, e que eu não posso induzi-la a não consumir.

É interessante notar que essa frase dita repetidamente por pais e docentes — às vezes diretamente a mim, outras por recados ou piadas —, se fundamenta na ideia de que todas as crianças e jovens têm opção de escolher comer ou não cadáveres. Que opção uma criança ou jovem tem se só lhe ofereceram, naturalizando um costume, durante sua curta existência uma única opção: a carne? Ou o leite e seus derivados?

Acredito que eles têm a opção de não optar pela carne, ovos, leite e seus derivados. Mas que para isso tenho que exercer minha função como professor de Filosofia: mostrar que há outros caminhos, na grande maioria das vezes, dentro de uma aparente via de mão única.

O que incomoda mais?

  • Saber que toda minha vida alimentar é uma farsa nutricional para beneficiar uma meia dúzia de empresários?
  • Saber que minha moral, minha ideia de justiça, democracia, paz, não se sustenta perante uma leitura baseada nos princípios fundantes da Ética Prática contemporânea?
  • Saber que meu filho (ou meu aluno) de 15 anos está prestes a tomar a mais coerente das decisões, que é, respeitar a si, os animais não-humanos e os ecossistemas, veganizando-se?

Várias personagens históricas sofreram represálias físicas e psíquicas por incomodar a ordem vigente. Todo aquele que se levantou contra o padrão estabelecido por poucos para manipulação de muitos, incomodou. E responderam por isso. Para citar alguns: Sócrates, Jesus, Gandhi, Luther King... Você pode estar se perguntando se estou me comparando a eles. Não, só os tenho como fonte de inspiração na prática objetora daquilo que não é justo. Que justiça aqui seja entendida no sentido mais amplo possível. Que o círculo da moral seja expandido para abarcar todos os humanos e não-humanos.

Como pode uma pessoa incomodar tanto a tradição familiar e escolar se ela não passa de "um professorzinho que não sabe dar aulas sem passar videozinhos de massacre de animais?"

Esse professor que "defende bichinho", que manipula, doutrina, impõe seu estilo de vida como se o mesmo fosse um modismo, faz tudo isso tendo duas aulas de 50 minutos no 1º ano do ensino médio e uma aula de 50 minutos nos 2º e 3º anos, por semana.

Uma aula por semana? Quatro aulas por mês? Isso é o suficiente para concretizar o dito marxiano "tudo que é sólido se desmancha no ar". A solidez da moral tradicional defendida por pais e professores se volatiliza perante uma aula bem dada sobre a coerência de uma vida livre do consumismo biocida, injusto, antiético dos não-humanos.

Como pode uma pessoa incomodar tanto a tradição familiar e escolar tendo tão pouco tempo (teoricamente) de contato com os adolescentes por semana ou mês? Na teoria o tempo é pouco, mas na prática, como disse acima, é o suficiente para desocultar o currículo especista passado diariamente.

Aos professores veganos cabe o dever moral de incomodar os acomodados, reacionários.

Por que incomodo tanto? Porque represento a revolucionária educação vegana que está só começando.

Fonte: Pensata Animal

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