sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Pesca predatória e apreensão Mato Grosso

Pesca predatória e apreensão marcam o início da piracema em Mato Grosso

O início da Piracema em Mato Grosso é marcado por irregularidades. Na madrugada de ontem, 200 kg de pescado foram apreendidos na cabeceira do rio Cuiabazinho, localizada entre os municípios de Rosário Oeste e Nobres. Junto aos exemplares de jaus, dourados e pintados, estavam 10 redes e tarrafas, 3 espingardas e um freezer. Ninguém foi preso. Um outro flagrante de crime ambiental aconteceu no final da tarde de terça-feira, pelo repórter fotográfico de A Gazeta, Chico Ferreira, que conseguiu surpreender pescadores passando redes no Rio Cuiabá, às margens da comunidade São Gonçalo Beira Rio, onde ironicamente a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) lançou a campanha de proibição da pesca.

Nas cenas vistas na comunidade que fica a poucos quilômetros do centro da cidade, foi possível observar que caminhonetes oferecem suporte aos profissionais da área que praticam os crimes. É bom lembrar que essa é uma proibição que vale para o ano todo, pois significa pesca predatória. Pelo menos na terça-feira, esses homens trabalharam tranquilamente, sem que houvesse nenhum tipo de fiscalização. Usaram estradas de terra estreitas e de declive para descer. Os veículos ficavam estacionados entre a vegetação e o rio. Os peixes eram retirados das redes e provavelmente levados para alguma casa na região, que serve como depósito.

Durante o evento oficial, alguns pescadores ribeirinhos reclamaram da falta de estrutura para autuar essas pessoas que geralmente chegam de fora para praticar os delitos. Benedito Valter da Silva, 52, explica que existem no bairro em torno de 25 pais de família que trabalham nessa área, outros 20 ou 30 vem de localidades vizinhas. Mas a situação é de descontrole. A todo momento ele denuncia que são realizadas práticas proibidas e por medo a maioria das pessoas não denuncia. "Essa gente desce o rio armada, não tem como alguém daqui enfrentar a situação, até porque falta apoio das autoridades. Se a gente telefona, demoram para vir".

Nascido no Pantanal e criado em São Gonçalo, Manoel Ramiro Cortez, 45, diz que é necessário criar um posto de fiscalização permanente na comunidade para poder inibir as práticas predatórias. O mesmo avalia a pescadora Elza Amaral, 70, conhecida como "dona Fiinha", que aponta para toneladas de pescado sendo levadas rotineiramente do rio sem que ninguém seja punido. "Nós que somos profissionais sobrevivemos precariamente, somos perseguidos por esse pessoal que chega aqui, leva nosso peixe e depois foge. Alguns saem de avião ou lancha pelo Pantanal".

Moram na comunidade cerca de 300 pessoas, a maioria filho da terra. Os meninos, principalmente, iniciam-se na atividade da pesca aos 7 anos de idade, quando já conseguem segurar uma vara de pescar. A presidente do bairro, Juliana Rodrigues da Conceição, 42, afirma que além da falta de fiscalização, falta estrutura que ajude a preservar o meio ambiente, como lixeiras e conteiners ao longo das margens. "Cresci tomando banho nessa água, mas hoje a gente sabe que está infectada".

Leia Mais...

Fonte: Só Notícias

0 comentários: