terça-feira, 8 de julho de 2008

Deficientes produzem papel ecológico que se transforma em planta

Deficientes produzem papel ecológico que se transforma em planta

Projeto visa promover inserção social de portadores de transtorno mental; ação reúne iniciativa privada, terceiro setor e poder público.

No momento em que responsabilidade social e desenvolvimento sustentável fazem cada vez mais parte do cotidiano das empresas e das pessoas, um programa realizado em Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo, procura unir as duas questões. O Projeto Tear – Oficinas de Trabalho, Terapia e Arte, desenvolvido em parceria por iniciativa privada, terceiro setor e poder público local, ensina portadores de deficiência mental a como produzir papel ecologicamente correto, que após ser utilizado é cultivado na terra e se transforma em uma planta.

A responsável pela idéia foi a socióloga Rosemeire de Almeida, que é monitora das oficinas de papel do Projeto Tear. A proposta de confeccionar o material surgiu para atender à solicitação de uma grande rede de supermercados, presente em vários estados brasileiros — ela e o grupo de deficientes que participam da oficina realizaram uma série de experiências até chegar ao papel 100% ecológico.

O produto, que tem entre seus ingredientes sementes de grama, apresenta um tempo curto de decomposição. Ele se desfaz na terra em 10 a 12 dias. “Plantamos papel e daí nasce a grama. Isso ocorre porque o papel é recheado com sementes de grama, que permanecem vivas durante a fabricação e o uso do material”, relata a monitora. Além disso, a confecção não passa por nenhum processo químico, diferentemente dos modelos elaborados pelo Tear a partir de fibras retiradas de folhas de alface, cascas de cebola, tronco de bananeira, coco verde e de talos de beterraba e de couve-flor.v

O “papel que vira planta” tem mesmo custo do material feito com fibras: cerca de R$ 0,90 por folha. “O que fazemos é uma prova viva de que as pessoas precisam aprender a reciclar os materiais usados no dia-a-dia. Afinal, se cuidarmos do meio ambiente, a natureza sempre responderá positivamente”, afirma Rosemeire de Almeida.

O papel ecologicamente correto, assim como outros produtos confeccionados pelos portadores de deficiência mental, pode ser adquirido de segunda à sexta-feira, das 7h às 17h, na sede do Projeto Tear (Rua Silvestre Vasconcelos Calmon, 92, Vila Moreira, Guarulhos/SP). O programa, criado em 2003, é uma parceria entre o Laboratório Pfizer, a Associação Cornélia Vlieg e a prefeitura de Guarulhos. A iniciativa atende a cerca de 100 deficientes mentais por meio de terapia ocupacional e oferece apoio familiar. O objetivo é promover a inclusão social dos pacientes por meio de oficinas profissionalizantes.

0 comentários: